quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

por Amâncio Blog:- amanciogoncalves.blogspot.com E-Mail:- amanciogoncalves@sapo.pt “À laia de... cusquice...” (009) Não sei porquê, porque nem nasci cá e passei mais de dezassete anos da minha vida noutras paragens, mas gosto muito desta terra. … Uma aldeia linda, que em suave ondulação se espreguiça com volúpia desde o sopé do monte de S. Miguel-O-Anjo até ao rio Ave. Além das terras de Vermil, Brito e Pedome, que a abraçam, aninha-se também nas fronteiras de Mogege e Joane, que a abrigam dos ventos oceânicos os quais, vindos da Póvoa de Varzim, fustigam com inclemência o litoral poente deste nosso jardim à beira-mar plantado. Úbere nos seus campos, opulenta nos verdes das suas vinhas, pomares e matedos, laboriosa e produtiva nas suas empresas, tem-se mostrado quase sempre mãe extremosa para com as terras vizinhas, cuja população nela busca o pão de cada dia. Já para os seus filhos não raro se impõe madrasta, como que lhes exigindo tributo pelo amor que àquelas dispensa. Se, por acaso, ainda não deram por isso, estou a falar de Ronfe. Elevada à categoria de Vila em treze de Maio de mil novecentos e noventa e nove, nem por isso as carências mais corriqueiras lhe foram ainda minoradas ou supridas pelos poderes constituídos. …Habitada por muito boa gente e, embora haja de tudo como numa farmácia, que nem sempre será gente boa, porque a ela se aplica como luva o pensamento de César:- “Nem se governa, nem se deixa governar”, borbulham-lhe nas mentes ideias de grandeza em quantidade semelhante à água do rio que lhe corre aos pés, mas guarda-as ciosamente para si nos escaninhos da memória, com medo de as ver concretizadas por outrém. Como que para se defender, opta por criticar à nascença qualquer novidade que apareça, mas corre a reclamar-lhe a paternidade logo que lhe pressinta sucesso, na mira, quiçá, de se “abarbatar” com algum possível ganho ou relevo. Um mau feitio, mas que lhe está na massa do sangue!... Mas vamos ao que interessa, porque me parece que o “Entre-Vilas” não vai lá muito com o “comprimento” dos meus artigos, embora eu julgue que se “deveria preocupar” mais com outras coisas, nomeadamente com o emagrecimento de “trabalhos” de carácter eminentemente político!... Mas... manda quem pode e quem não quer, põe na borda do prato! Aliás, talvez seja a ocasião avezada para o realçar do sucesso do nome deste jornal, face à localização desta terra. Estamos mesmo entre vilas. Os meus parabéns!... Assistimos hoje em dia a um surto de construção nunca visto em Ronfe. Quem sabe porque motivos, mas estou em crer que não lhes será alheia a Escola Abel Salazar, tanto mais que a situação das empresas implantadas em Ronfe não será, presentemente e à semelhança do panorama nacional, a mais brilhante. E, a ser assim, como se revolverão no túmulo as cinzas daqueles que, tendo a faca e o queijo na mão, perderam no seu tempo a oportunidade de fazer história. Sim, porque já há muitos anos que a freguesia dispõe da Quinta de Gemunde, que tinha e tem pano para mangas, e por causa da inércia dos seus mentores deixou de cumprir o seu papel, transformando-se na moeda enterrada das escrituras. A par de infelizes e indefensáveis desaparecimentos, entre os quais forçoso é mencionar a Casa da Cadeia, que se situava ali pela Ouca, nas traseiras do Cruzeiro, e os Penedos da Forca localizados que ficavam no Monte de Alvar; Ao lado de ruínas ainda não recuperadas e de que desconhecemos projectos nesse sentido, como sejam as capelas do Barreiro, de Gremil e do Requeixo, cujos oragos são Nossa Senhora da Abadia, S. Miguel e Santo António, respectivamente, também uma ou outra casa senhorial foi sacrificada ao denominado progresso. Em nome do “deus dinheiro” e alegando-se hipotéticas e falazes melhorias de condições de vida, votaram-se ao abandono quintas e casas de lavoura, propriedades e construções solarengas, na mira de para elas se conseguirem loteamentos e urbanizações, algumas delas de gosto bem discutível. … É o progresso, dir-me-ão os meus amigos! E contra isso, batatas!... Há que lhe pagar os critérios. Por outro lado, a população da vila tem de aumentar para poder evoluir. E se o tamanho físico não estica, há que enlatar as gentes em altura. Assim mesmo! Mas, meus senhores, façam-no em qualidade!... Temos exemplos de ao pé da porta, que nos indicam claramente os caminhos por onde não podemos ir. Aprendamos, para não repetirmos erros alheios. Exijamos que se construa uma localidade em permanente evolução, mas criando e mantendo espaços onde se possa respirar à larga, para que os seus íncolas se sintam presos à terra, e a população flutuante ou paraquedista sinta anseios de nela se fixar. E hoje apetece-me ficar por aqui. Nã deixo, porém, de lançar daqui um repto aos responsáveis de Ronfe, políticos ou outros: “Intervenham, meus senhores, junto da população, perante a autarquia ou face a qualquer outro poder constituído, para impedir que se tranforme esta nossa terra num local de asfixia, parado nas mentes e no tempo, hipotecado a interesses mesquinhos. Se assim fizerem, estou certo que a história falará de vós como fazedores do progresso!” Fiquem vossas excelÍncias muito bem. Escrevi "isto" em 21.05.2003. De lá para cá, digam-me o que mudou para... "Xau"

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