terça-feira, 12 de julho de 2011

"À laia de... cusquice... (019)

Notas (in)convenientes… (002)

“Palavras trocadas...” (31)

Como sói dizer-se, só a morte é definitiva. Acredite-se ou não noutra vida - e, por vezes, dá um jeitaço acreditar... -, não se conhece ninguém que esteja por cá vivinho da silva depois de ter morrido!...
Ora, está quase a fazer um ano que "desapareci" das colunas do Entre Vilas depois de quase oito anos de colaboração canina, sem que se dessem quaisquer passos para obstar o óbvio. Trata-se, é certo, apenas de um desencontro de ideias. Da minha parte, porque assisti a quatro mudanças de "Director" sem que a minha "colaboração" e, creio, a de outros, tivesse merecido sequer um jantar de convívio e confraternização, nem que fosse a pagar pelos participantes, o que demonstra bem o "interesse" dos então proprietários. Da parte dos actuais donos, porque, se calhar desconhecedores daquele facto por não estarem inseridos no meio, não promoveram qualquer tipo de aproximação à maralha colaborante, gratuita e generosa.
Quis o destino que o Entre Vilas “ande” quase desaparecido em combate, depois de ter optado por uma situação que nem é carne nem peixe. E as “sobras” de hoje são disso testemunho, sem que quem deva ver não veja patavina. Porque se o jornal não for interessante, os publicitários, mais hoje, mais amanhã, dão de frosques. E lá se vão os “rendimentos”.
Acontece que não quero deixar morrer as minhas "Palavras Trocadas", nem quero deixar de actualizar as minhas "cusquices". É assim que aproveito o blog para chatear a mona de alguns e satisfazer outros, parte destes que até me confessaram já terem saudades!... Não morri, pois, de morte macaca, pelo que não se deu qualquer ressurreição!...

O Governo agora constituído, em vez de repor primeiramente alguma justiça social que o anterior executivo à má fila destruiu com uma certa cobertura da comunicação social, como seria o Abono de Família – que nem Salazar ou Caetano ousaram reduzir, apesar do esforço da guerra ultramarina… -, o aumento das pensões e reformas inferiores ao ordenado mínimo nacional, os livros escolares e as bolsas de estudo, decreta o gamanço de 50% sobre o 13º. mês de tudo o que ultrapasse o tal de OM. Apesar de uma certa contenção e justiça, isto é um roubo, "talqualmente" o foi esta denominação de décimo terceiro mês. Se fizermos bem as contas, veremos que os ingleses é que têm razão. Recebem à semana, e pronto. Têm sempre dinheiro fresco, os patrões não têm a tentação de esbanjar, e se acontecer uma falência o trabalhador tem menos prejuízo. A receber ao mês, como cá dentro, o único que ganha é o empregador. Tem menos trabalho/despesa administrativa, tem mais tempo o dinheiro em seu poder e sofre mais a tentação de ficar com ele sob a capa de “investimento”. É que o cálculo dia/mês teve por base 24 dias/mês, ou 195 horas!... Já quanto a pagar portagens na ponte Salazar - oportunisticamente rebaptizada de 25 de Abril... -, durante o mês de Agosto, acho que é de um mau gosto terrível, que não augura nada de bom. Aquela ponte já está paga e repaga há muito, e não apareceu como fonte de rendimento!... Quem está a "comer" quem?!...
Fala-se agora insistentemente de que é preciso estabelecer um tecto ou plafond para as quantias sujeitas à contribuição para a Segurança Social. E há razões para isso, como já o tinha previsto o defunto Salazar. À altura da revolução de Abril, só descontávamos por um máximo de cinco contos/mês (25 Euros de hoje), e muito poucos o conseguiam. Com a revolução vieram os aumentos e liberalizou-se o valor. E o que sucedeu é que proliferaram os oportunistas. Qualquer patrão se inscreveu na SS com valores de ordenado altíssimos, as respectivas empresa é que descontavam, e, mesmo assim, ainda recorriam a médicos amigos que lhes concediam três ou quatro meses de baixa por ano. Foi manobra que lhes “restituiu” com “juros” os descontos supostamente suportados. E quando chegaram à “reforma” estouraram todos os limites…
Quer queiramos quer não, é mais um vector que confere uma certa realidade a uma agência de notação, uma tal de Moody's, que inopinadamente atirou os nossos ratios para a categoria de lixo. E, nisto, só não entendo as posições do PCP e do BE, porque só criticam!... Aventam supostas soluções, mas, se formos analisá-las melhor, logo se verá que são inexequíveis. Se calhar, é até por isso que o eleitorado os julga como julga!... E para o PS, foi um achado!... Até já se agarram a isso para justificar o (des)governo do seu ex-chefe com nome de filósofo!...

Tal como aconteceu com a defunta URSS, que, até, durou muitas dezenas de anos, a União Europeia (CEE) está prestes a dar o berro. Afinal, a criação de uma moeda única foi um suicídio para os diversos países que a compõem, que têm rapidamente de criar uma moeda interna, embora tendo, para já, o EURO como referência, sob pena de serem engolidos pelos países mais “gordos”. Não passou de uma miragem. Os acordos são para rasgar e os sacrifícios que suportamos e nos foram impostos são para esquecer, porque um traque de uma Moody's qualquer é capaz de destruir uma incipiente economia mal estruturada.
A fazer fé no que por aí vai, o Socialismo destes quatro países – Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha – foi uma péssima aposta, porque destruíram a economia e todo e qualquer sentimento pátrio. A crer nas tais agências de notação internacional, os sucessivos governos pós 25A74, com prevalência do PS e do PSD, trouxeram este outrora país para o conceito de lixo económico. Mas uns inteligentes quaisquer também já começaram a minar a língua portuguesa com um tal de acordo ortográfico que ninguém entende e não beneficia nem respeita a “mátria”, quanto mais a pátria!... Enfim, o que se chama “já foste… português”!...

Em Joane houve festa no penúltimo fim de semana. Foi a feirinha da solidariedade inter-freguesias e foram as comemorações dos 25 aninhos da elevação de Joane a vila, no inacabado Parque da Ribeira. E se a feirinha ainda registou razoável participação/assistência, o aniversário quase passava a leste. Dá a impressão que a laboriosa gente de Joane já não vai em politiquices ou politiqueiros que, afinal, tudo estragam. É que os senhores da situação parece estarem a marimbar-se para a maralha. Interessa-lhes é o bolso quente e o ego bem polido. E se há lambe-botas capazes de jurar hoje o que amanhã irão renegar!... É o que menos falta!...
E neste fim de semana houve no mesmo Parque da Ribeira o décimo nono festival de folclore, organizado pelo Rancho Etnográfico Rusga de Joane. Ao contrário do que normalmente acontece, começou a horinhas, teve bons "speakers", as apresentações foram rápidas e a imposição das fitas comemorativas aos grupos participantes também não se estendeu por aí além, nem os discursos se mostraram enfadonhos. Perante os quatro grupos convidados, o Rancho da Região de Leiria (Leiria), o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Maiorca (Figueira da Foz), o Grupo Danzas Dona Urraca (Zamora/Espanha) e o Rancho da Casa do Povo de Barbeita (Monção), a Rusga abriu as "hostilidades" com cinco temas que preencheram cerca de vinte minutos, e seguiu-se-lhes pela ordem acima e na mesma medida os restantes participantes, para alegria e participação da muita gente presente, e que poderia e deveria ser em maior número se os joanenses não se alheassem tanto dos seus eventos. E este, até que foi muito bem conseguido, fruto, se calhar, do já longo percurso da organização, que se mostrou impecável.
E por falar no Parque da Ribeira, pelos vistos morreu por ali. É mais um aborto de intenções/propósitos. O que está foi sendo aumentado às pinguinhas e remedeia, mas vale de pouco, e adivinha-se que ainda será o mote de muitas eleições futuras. E, a talhe de foice, o Largo 3 de Julho, mais conhecido pelo Largo da Feira e agora "apelidado" de Largo do Sapateiro, acabado mas não inaugurado, não ficou a valer a ponta de um corno, porque arrumaram com o comércio à custa da insegurança. Lindo, aquilo?... É preciso ser muito plebeu!...
O Grupo dos Amigos do PAU AO ALTO, de Joane, este ano sob a responsabilidade da malta de Ronfe, realizou o seu passeio anual, com a presença de 38 “marmanjos”. Com passagem pela montanha da Penha (desjejum), Ribeira de Pena (merenda) e Vila Pouca de Aguiar. O almoço aconteceu no Mercantil, em Armamar, e a tarde recreativa na ermida de S. Domingos, em Fontelo. De autocarro percorreu-se o interior daquela magnífica região, admirando os vinhedos, olivais, pomares de macieira, cerejais, baga e matedos onde a caça é mais que adivinhada. O evento decorreu em muito boa ordem, e deixou todo o mundo satisfeito. Em Novembro haverá o jantar, e para o ano… novo passeio.

Em Ronfe, nada de nada. A saga da Casa do Povo lá vai caminhando de vento em popa, e as margens do rio Ave completamente estragadas, feias e mal-cheirosas. O rio já quase não tem água, porque destruíram o açude da Cerquinha. A Junta lá organizou o passeio anual, talqualmente a paróquia já o havia feito há pouco, e a Assembleia yeve a sua sessão neste fim de semana, mas... nada de novo, ou seja, mais um comício sem qualquer sumo. Os peditórios na vila campeiam, porque há quem pense que os euros esticam. E depois, o Lar é preciso, o passeio paroquial é necessário, a festa do padroeiro tem de ser bem luzida e não pode ir p’rá barra, os escuteiros têm de sobreviver, um eurozito para a catequese nem é nada, o Desportivo tem necessidade de fundos, etc., etc., etc. Entendo que isto é de cabo de esquadra, mas… cala-te boca!... ‘Tá difícil viver em Ronfe, 'tá sim senhor, e até morrer!...

Por hoje fico-me por aqui nesta troca de palavras, e muita cautela com aqueles amigos da onça que só nos dão pancadinhas nas costas. Quando menos esperarmos já eles treparam à nossa custa e ainda nos fazem a caramunha!...
2011.07.12

terça-feira, 15 de março de 2011

À laia de... cusquice... (018)

Notas (in)convenientes… (001)

Domingo, treze de Março de dois mil e onze. Dia atípico, como variável vai o tempo, apesar de estarmos a escassos sete dias do início da Primavera (que, agora, depois de um aborto a que se chamou acordo ortográfico, nem sei se se escreve assim, ou se primavera, ou se prima Vera!.... Ih, ih, ih, cabecinhas “pinsadoras”!... Em vez de, como “colonizadores”, mantermos a pureza do nosso idioma, submetemo-nos à “algaravia” dos colonizados. No interesse de uma tal de globalização?... Uma ova!... Só contaram p’ra vosmecês!... O Inglês mantém-se, não se “americanizou” apesar de os Estados Unidos da América serem, presentemente, muito maiores e mais importantes que os tais “colonizadores!... Claro que a língua não deve ser estática, mas dinâmica. Mas isso é outra música!...).
Tinha almoçado bem no meu amigo Dom José, de Santa Luzia-Requião, pusera já as “leituras” em dia e resolvera as palavras cruzadas e os sodukus dos “diários” no Café Estrela, de Joane. O andor dos Santos Passos já chegara em passo apressado e meio a reboque de Celorico à Igreja paroquial, perante a presença de muitos mirones, e o povinho já dispersara indiferente a um suposto alindamento do Largo 3 de Julho, ex-Largo da Feira e cada vez mais Largo do Sapateiro. “Aquilo”, benza-o Deus, não tem ponta de nobreza ou de inovação. Será que ainda vai ter?!... E vi-me à nora para descobrir onde passar o resto da tarde.
Pensei em primeiro lugar em Ronfe, porque estaria “em casa” e poupava na “gasosa”, e porque o Desportivo de Ronfe (herdeiro do levianamente silenciado Juventude de Ronfe…) até jogava em casa contra o Pevidém. Porém, ao reflectir quão difícil está a ser alcançar o “meu” outrora idílico Rio Ave, e pesando as dificuldades de chegar às suas margens, que se continuam a mostrar mal cheirosas e descaracterizadas por culpa de autarcas de menoridade mental, que não só não criam, como contribuem para o descalabro do “criado”, desisti da “coisa”.
No meio destas indecisões resolvi subir ao monte de São Miguel-O-Anjo que escora a freguesia de Vermil e a separa de Oleiros, e de cujo sopé se derrama a dita Vila de Ronfe.
O monte ganhou uma certa má fama, mas pus isso p’ra trás das costas porque as “vistas” que do seu topo se podem admirar fazem esquecer tais defeitos. Nas duas horitas que lá estive apenas saiu um carro, que já lá estava, e chegou outro, que lá ficou quando saí. No intervalo destes dois movimentos deu para passear por lá, pelo espaço público, sem pinheiros ou outras árvores nobres. Apenas “Austrálias” (muitas), “Mimosas” e “Eucaliptos”, estes em número avassalador. A capela, que só vi pelo exterior porque hermeticamente aferrolhada, mostra-se bem conservada, e o espaço destinado aos pic-nics muito bem fornido de mesas e “bancarias”, mas com poucas árvores de sombra. Um pouco além da capela do arcanjo, uma construção “piquena”, fechada, ostentando uma marmórea placa a dizer-nos que se trata de banheiros e que foram inaugurados pelo senhor doutor António de Magalhães, digno Presidente da edilidade concelhia. Para alguma coisa deve servir o ser-se presidente-do-que-quer-que-seja. Até defendo que em Ronfe, como já escrevi há um par de anos, o “calçadão” que venha a nascer nas margens do rio Ave, e se nascer, recupere o ilustre nome do autarca em questão, embora, pelo andar da carruagem, o povo já o tenha baptizado (com “p” e tudo…) como o “Calçadão da Merda”, tal o fedor que exala e que “tocou” a Ronfe – p’rá-í a décima terra de peito do citado edil e da respectiva “patroa”, ela sim, ronfense porque de Ronfe natural e filha de outros ronfenses.
Pois estive lá em “riba” e estranhei várias coisas, para uma gente laboriosa e amiga como é a vermilense (… os piratas, como carinhosamente os “galegos” de Ronfe antigamente lhes chamavam…) e a quem antecipadamente me atrevo a pedir o beneplácito por ousar falar da sua terra, Vermil, embora eu resida no seu limite e tendo descendentes nela moradores, para além de incontáveis amigos.
Desde logo, há que afirmá-lo com clareza, o que é bom é p’ra se ver. Com muito mais razão, neste caso, que para além de belo é histórico. Vedaram o que eu chamo de “espaço celta” como propriedade privada dos escuteiros. Há razões para isso, reconheço, desde logo pelo receio das acções de certos analfabetos estúpidos, capazes de destruir placas de identificação (e que os há, basta ver as pedras/placas partidas ou com letras apagadas!...), e de fazerem o mal apenas porque sim, assumindo como gabarolice o desleixo a que os políticos nos trouxeram. Não podem ver o que está quiedo, é o que é!... Mas há que encontrar uma forma de deixar visitar/estudar “aquilo”, até porque sabemos do gosto dos povos antigos pelos cumes dos montes.
Depois, temos o insuficiente aproveitamento do espaço pelas gentes de Vermil, pese embora a largueza, a amplitude de vistas e a pureza dos ares que lá se respiram, e que fazem inveja a tantos vizinhos. E, nisso, tenho que louvar os vermilenses. “C’ais” Casas do Povo, “c’ais” caraças”!... Vermil está a construir o seu próprio espaço. Não demora nada e lá estarão as “roullotes” de comes e bebes e de distracção sem ser em dias de festa, e lá terão os “malandros” de mudar de poisio. E as autoridades civis terão de regulamentar esse acontecimento, porque aquilo não pode continuar a ser o “da Joana”.
Aliás, Vermil teve e tem um pequeno mas óptimo recinto desportivo que movimentou uma data enorme de praticantes. Eu próprio tive lá as equipas de “Os-Fraca-Figura” e da “Safil”, e sei que contribuí “bué” para o incremento do “futebol de salão” naquela estrutura. Mas, perdão, não me estou a fazer ao bife. Apenas me sinto triste pela degradação a que aquelas instalações chegaram. Porque Vermil não tem mais nada nesse ramo, mas gaba-se de ser intimista. Tem uma missa rápida (Rvmº. Sr. Padre Castro) que arrasta muita gente, tem o monte de São Miguel-O-Anjo, a Serralharia Vidal, a Covilhã, os Mesquitas, os Salazares, os Vidais, os Barbosas, os “Abanas”, os “Bolas”, os “Manos” e os “Parranos”, o ex-escorropicha, o ex-Jogo, Aldeias, a Carreira Nova, a Fonte de Amorim… e é tudo.
E, todavia, foi posta no mapa porque teve à sua frente na autarquia um dinossauro desta fandanguisse abrilesca, o Senhor Josias Carvalho, e na Igreja pontificou o saudoso padre Flávio Nogueira.
E é tudo, meus amigos, nesta minha primeira nota (in)conveniente.
Chau-Chau (para diferenciar do nipónico ou chinês arroz xau-xau), beijinhos e “inté”. E se me quiserem ler noutro registo, vão a “amanciogoncalves.blogspot.com”.
2011.03.14

segunda-feira, 7 de março de 2011

À laia de... cusquice (16)

"Histórias de... viagens (01)

CABO VERDE

Já Agosto de 1993 ia quase a meio, quando me vi perfeitamente sozinho no mundo. Um mundo que, apesar de diminuto – porque circunscrito ao nosso metro quadrado -, não deixa de ser o líquido vital da nossa existência, e é como que um prolongamento de nós próprios.
O homem é, por definição mais elaborada, um ser crente e actuante dentro das suas circunstâncias. Vive em consonância ou rotura com o ambiente que o rodeia, consoante tenha ambições de se impor, lutando, ou apenas de subsistir, sobrevivendo. O povo, na sua insigne sabedoria de vivência feita, diz que de santo e de louco todos temos um pouco. Permitir-me-ia completar a ideia reafirmando o provérbio que nos diz que “dos fracos não reza a história”. E quem vai para a guerra vencido, já estava acabado antes de ir.
Pois, mas o último dos meus filhos tinha abalado para outro ninho, e a minha cara-metade, os meus pais, e os meus sogros já haviam passado a ponte, pelo que me vi na vida como estátua sem peanha.
E fui até Cabo Verde.
Marquei passagem aérea desde o Porto, o que, então, ainda me fazia passar por Lisboa. Voei na TAP desde o Porto, e na Portela embarquei num aparelho da LIAM (Linhas Aéreas de Moçambique), depois de um “check-in” inenarrável. Desde logo, pela autêntica feira da ladra que se vivia no local. Depois pela demora mais que excessiva dos serviços. Mas, para agravar as coisas, havia imensos passageiros à procura de “boleia” para levar pertences que lhes excediam o permitido. E a mim, que já despachara a “mala” directamente em Pedras Rubras e, portanto, não exibia bagagem que se visse, tocou-me ser largamente assediado nesse sentido, acabando por consentir mais uma “valise” de não sei quem. Ao que me expus!...
Após pouco mais de três horas de voo, acabamos por aterrar no Sal ao som das tão normais quanto incompreensíveis palmas. A viagem fora óptima apesar da inexistência de qualquer filme ou vídeo de “passa-viagem”, e só uma turbulênciazita no enfiamento da pista nos recordou estarmos no ar. Mas a chegada, Deus meu, pareceu-me um aterrar num qualquer pátrio aeródromo particular da altura. Pastas sobraçadas, câmaras de filmar a tiracolo e malas dependuradas, alguns de rádio aos ombros, saímos do aparelho e chegamos a butes ao desalfandegamento sob a vigilância de um qualquer agente da autoridade fardado a rigor, armado em mau mas de físico “acriançado”. Vocês sabem ou imaginam, a modos de não poder com um espirro!... E veio o desembaraço das malas, com outro qualquer polícia a olhar-nos de viés, como se de malfeitores nos considerasse. E eu, que só tinha emprestado espaço para mais uma malita, senti-me um bocado inseguro e culpado, e nem sobrevalorizei o incómodo de ter de esperar pelo desembaraço do que nem conhecia!...
Saí de mais malas penduradas e topei o meu “agente” no meio de mais de uma dúzia deles, porque exibiam um dístico acima da respectiva cabeça. A minha primeira impressão foi a de que havia chegado ao cú de Judas. Um ermo de todo o tamanho! Houvera um sinal de marcha-atrás… e não hesitaria, não senhor!... Identificados ele e eu, lá me encaminhou para uma carrinha Peugeot de caixa aberta a precisar de reforma urgente. Veículo que em Portugal já só os sardinheiros e os sucateiros usavam, o que lhes homenageia a durabilidade. Na caixa de carga três escabéis corridos, onde já tinham assento pouco mais de meia dúzia de nativos. Eu dividi o lugar no banco da cabine com outro concidadão, conforme me pareceu na altura, e vim depois a confirmá-lo duas ou três vezes. Uma, no voo para a Boavista, outra no Praia-Mar Aparthotel, e uma outra no Mindelo, em São Vicente. Pouco mais de meia hora depois chegamos a um portal onde o guia nos disse ser o Belo Horizonte. Pelo caminho topáramos apenas um rebanho de meia dúzia de cabras escanzeladas, que o motorista procurou não incomodar porque, dizia, as peças para a “camineta” ou não as havia, ou eram de preço proibitivo.
Malas a reboque saí do “autocarro” que ainda iria para o Piscador e para o Morabeza, e após um parquezito de quatro ou cinco bicicletas a pedal logo cheguei à recepção.
Uma agradável surpresa! Pela beleza e trato das recepcionistas e pelo desembaraço das mesmas. “Bungalow” marcado, haveria que desfazer as malas. Que raio! As malas não se desfizeram, graças a Deus, e ainda me viriam a servir para o resto, incluindo o regresso!...
Inspeccionada a “habitação” – quarto de duas janelas, com mini-bar e banheiro… -, toca de aliviar necessidades, tomar um chuveirinho (que a água, segundo o aviso afixado, só iria faltar por volta das dezanove horas locais…), mudar de roupa e dar uma espreitadela para a praia de Santa Maria, cujo areal logo ali começava. Calções, sapatilhas e chapéu foi o “fardamento” escolhido, e ala para as salsas ondas.
Areia óptima, nem grossa nem fina, branquíssima, e, até onde a vista alcançava, meia centena de “praieiros” a chapinhar nas ondas ou deitados nas respectivas toalhas a apanhar sol. Toalha que eu não levava. Fui descendo através dos veraneantes em direcção ao mar, admirando o tamanho que as vagas exibiam ao longe, mas que vinham beijar mansamente a praia desfeitas em espuma, quando uma rabanadita de vento me arrancou do toutiço o chapéu (“Portugal”, com a esfera armilar e as cores verde rubra estampados), e mo atirou para perto das ondas, obrigando-me a correr para o caçar. Saí de lá com o chapéu todo molhadinho, as sapatilhas encharcadas, o calção e os “sleeps” totalmente ensopados. Foi o meu primeiro banho cabo-verdiano!... Mas a água estava divinal!...
Sem toalha, regressei ao “bungalow”, mudei de calção, “interiores” e ténis e fui até ao Bar do hotel. Observei disfarçadamente a piscina e os solários, uma e outros bem afreguezados, e entrei no bar. Muita coisa, mas nada para o meu gosto, nem a pantalha televisiva de incipiente qualidade me seduziu. Pedi um gin tónico e andei com ele na mão a beberricar e a mirar as instalações e o ambiente, detendo-me junto à mesa de ping-pong onde duas “nativas” davam um show de algo parecido. Fui admirar as cabeleireiras a “enripar” o cabelo de uma ou outra turistas mais “p’ráfrentex”, e por ali passei o resto da tarde.
Ao jantar, fui na lagosta. Mas, quão diferente da nossa portuguesíssima!... Sabor a águas salobras, quando a nossa sabe a sal, sabe a mar!... Para beber, cerveja Cercal que é feita, diziam, da nossa lusa “cintral” Água do Caramulo, aliás a única potável para além da água tónica, a tal que só se bebe com gin, e cuja combinação me veio a dar cabo da “mánica”!... O vinho verde, vim depois em má hora a prová-lo, era “Casal Mendes”. Uma mixórdia que degrada o vinho e o país. Era melhor venderem vinagre com água e açúcar. O serão não existiu. A televisão, incipiente e de notícias recessas, os “humanos” do hotel ainda desconhecidos. Valeu a “baby siter”, agora liberta da missão para que é paga. Creio eu, que até sou crédulo em demasia!... Perguntou-me se se podia sentar à minha mesa, ao que acedi de bom grado, e dispus que se servisse do que desejasse. Linda de morrer. Relativamente baixa mas muito bem constituída e não um molho de ossos como eu, mas maneirinha, tez dourada e bem cheirosa, foi uma óptima e barata companhia de duas horas e promessas para mais. Falamos de tudo, porque ela percebia de português. Eu é que não percebia ainda patavina de crioulo!...
E fui dormir sozinho!...
Pelas sete horas da matina já estava a chapinhar nas ondas, depois de ter passado cinquenta metros de praia com campos de vólei e de guaarda-sóis cobertos a colmo e folhas de palmeira ou de coqueiro. Pelas oito tomei o pequeno almoço, a que se seguiu a “descoberta do ambiente”. Sorte minha, apareceu-me uma família conhecida aqui de Pousada de Saramagos partilhando os mesmos “bungalows” do Belo Horizonte, e com quem já tinha relações. Pena que estivesse no seu último dia do Sal!...
Descobri a “moça” de ontem à noite, mas não me deu muita trela. Estava a trabalhar. À socapa consegui perguntar-lhe por “miúdas”, ao que sorriu e me remeteu para mais logo. O resto nem interessa pormenorizar: Foi minha companhia nos restantes dois dias/noites em que estive no Sal.
Do Sal fui para a Boavista, num voo de pouco mais de quinze minutos ao anoitecer. Recordo a fila de nativos no Aeroporto do Sal à espera de “vaga”, que não aconteceu, da mesma forma que lembro a catrefada de coisas que cada possível passageiro levaria, desde cestos de frangos a leitões em saco, tudo vivinho da silva, e a canastras de peixes a exalar já um carto odor!...
Fiquei na Boavista só parte do dia seguinte, pelo que nada tenho a referir. Mais tarde voltarei àquela ilha com mais tempo, tanto mais que as “boavisteiras” – douradas, bem feitas e belas – me intrigaram.
E no dia seguinte, pela tardinha, da Boavista voei para Santiago por entre uma chusma de indígenas de ânimo exaltado que não lograram lugar no voo. Pouco mais de meia hora depois aterrei no aeródromo da Praia, capital de Cabo verde, já noite incipiente. Recordo aquele “tolinho-armado-em-político-local-em-campanha-eleitoral”, todo vestido de branco, embora de fato barato e amarrotado e camisa aberta de colarinho arrebitado, a barafustar em altos berros contra o governo, por causa dos estrangeiros que, lá por terem dinheiro, eram bem tratados e acarinhados. Pensei que ia haver “restolho”, tanto mais que eu apenas exibia uma mala, vestia calção e camisa de poliéster colorida e calçava sapatilhas sem marca. Estacou à minha frente e parou a prosápia, desarmado com toda a certeza pelo meu sorriso zombeteiro. Sim, porque eu não estava para armar aos heróis, nem para estalo tenho físico. Salvou-me o representante da Soltrópico que se me identificou e me pediu para não ligar ao “maluquinho”. Atravessamos a cidade velha e fomos para a outra ponta de Santiago, onde fiquei alojado no Praia-Mar Aparthotel, depois de ter combinado com o guia que às seis e trinta da manhã me viria buscar para um giro pela ilha. Jantei no hotel a mesma lagosta de sempre, sentindo-me examinado ao pormenor por um fulano cujas vestes o pareciam tornar num general ou algo no género, e estava ali como se fosse o rei daquilo. Pareceu-me português, mas não estive para meter conversa, nem lhe dei tempo para isso, porque, finda a janta fui logo para o apartamento, por sinal muito bom mas cheio de formigas. A noite passou-se num ai, e de manhã, muito antes da hora marcada, já eu tinha a mala que não desfizera no átrio do hotel à espera do guia. Entretanto, fui observando o mar e ouvindo o ruído surdo das ondas batendo numa gruta natural, ribombando como trovão. Fui ver mais de perto, e notei haver por ali apenas uma capela/igreja que depois o guia me informou ser um seminário católico. Não entrei, porque não vi viva alma e as portas ainda estavam encerradas apesar de já ser dia claro. E, mais ou menos à hora marca, apareceu o guia na sua “Toyota Hiace” já com três casais a bordo, alguns de máquina de filmar às costas e fotográfica dependurada ao peito, bem ao jeito do turista português. E embarquei para uma visita a Santiago.
Iniciamos por uma visita a uma loja de artesanato e seguimos para o jardim botânico, onde o Zèzinho, o nosso guia, retirou de um laguinho de águas sujas paradas uma tartaruga de certo porte para que a pudéssemos admirar. Dali pouco “levámos” porque o artesanato era muito pobrezinho, e ao jardim botânico faltou-lhe um cicerone. Seguimos em direcção a Assomada passando à esquerda da praia de São Pedro, segundo nos disse o guia, mas que não logramos descortinar. Passamos Assomada onde quase vimos o respectivo mercado, e chegamos ao Tarrafal, mais propriamente à sua praia. Pequenina baía, familiar, com uma palmeira caída a servir de banco e de baloiço. Lá tivemos a honra de encontrar Sua Excelência o Senhor Presidente da República de Cabo Verde, Dr. Mascarenhas, e sua Excelentíssima esposa a tomar banho. Alguns dos meus companheiros iniciaram uma aproximação, que se concretizou, e passamos um bom bocado em amena cavaqueira, tendo obtido do Senhor Presidente uma interessada atenção, não se coibindo de nos agradecer a visita e concedendo-nos liberdade para visitar a antiga prisão do Tarrafal, para além de dela nos contar a história post-independência. Juntámo-nos no banho à família presidencial, mas à areia límpida da praia sucedeu-se o preto da lava que forrava o areal mar adentro. Perto da meia hora e já muito depois da despedida que o Senhor Presidente nos deu deixamos a praia e subimos em direcção à Tátá, restaurante onde aprazáramos almoçar. Todavia, antes de lá chegar topámos uma chusmas de miúdos e miúdas em esmoler atitude por um tostãozinho, de que nos livramos a custo e em troca de alguns escudos em moedas jogados à criançada para disputa.
Saímos do restaurante e fomos até à prisão de triste memória, situada quase em frente do palácio presidencial. Entramos por um portão atravessando o fosso, e logo nos encontramos no meio de construções e restos de construções abarracadas dispersas, guardadas por acácias espinhosas que o vento enformara ao seu sabor. O guia lá nos foi dizendo que aqui era isto, ali era aquilo, aqui um fulano foi preso à acácia e deixado à inclemência do tempo, além eram as solitárias com telhado baixo e de zinco, onde só cabia um preso em cada cela, daí se lhe chamassem torradeiras. O fosso era profundo e tinha paredes em restel, dizendo-nos o guia-feito-cicerone que “in illo têmpora” teria estado sempre com muita água onde nadavam crocodilos!... Depois da partida dos portugueses havia sido transformado primeiro em quartel militar, e depois em cadeia comum, pelo que aquele aglomerado já não mostrava quase nada do que fora quando prisão política do governo português.
Ensimesmados saímos dali em regresso à Praia, mas ainda admiramos o sisal que nasce e cresce maninho. Os coqueiros a que rapazes e raparigas trepavam agilmente em troca de umas moedas e nos atiravam o respectivo fruto, que nem queríamos porque já estavam secos. E se distribuíamos moedas era mais para ver as gâmbias e não só às garotas e admirar as habilidades dos putos. Visitamos um extenso bananal onde nos foi explicado o ciclo de vida espectivo:- Talo, cacho único, maturação/desenvolvimento, colheita e corte do talo, deixando ficar o rebento. E assim de meio em meio ano. Mas que as bananas cabo-verdianas são magníficas, lá isso!... Pequeninas mas gordinhas e muito saborosas. Entramos numa tasca para provar o grogue, e recebemos explicação de como era obtido, e que o melhor era o de Santo Antão. Logo após passamos numa azenha onde essa aguardente de cana estava a ser obtida, o que nos fixou no bestunto as explicações antes recebidas. Apreciamos os diversos muitos ranchos de mulheres e crianças carregando todo o tipo de vasilhame para buscar água potável, um bem muito escasso naquelas ilhas, e admiramos as represas rudimentares para conservar/armazenar as águas da chuva, raríssima, também, infelizmente. Admiramos os enormes bandos de “Bicos-de-Lacre” e o voo lindo dos “Passaritos” e vimos meia dúzia de vezes os macaquitos nas entradas das casas como se delas fossem guardiões. E chegamos a “casa” (Praia-mar Aparthotel) para jantar e dormir, porque o avião para São Vicente partiria às sete e meia e era preciso estar lá uma hora antes para o check in sob pena de não nos manterem as reservas.
Depois de uma noite sem sonhos levantei-me com as galinhas, ou seja, ainda as seis horas não tinham batido, e fui ao bar tomar o pequeno-almoço e liquidar as contas. Saí directo para a carrinha que me iria levar ao Campo de Aviação, onde fui dos primeiros a chegar. Dos primeiros, é como quem diz!... Dos primeiros com a viagem marcada!... Que de candidatos a vagas eram mais que bastantes para preencher outro voo. Logo fiz o check in e entretive-me a ouvir a para mim algaraviada do crioulo, com os candidatos a perguntar por lugar de meio em meio minuto para desespero da moça disso encarregada. Era preciso ter fibra!... Também as diferenças de cor e de fácies me intrigou, porque se misturavam os badios de Santiago, de tez escura e um tanto oleosa, com o dourado dos da Boavista e os mais brancos do Sal, para além de outros tipos que não fui capaz de distinguir. Entre umas e outras verificou-se o embarque ao som de despedidas esganiçadas e gritinhos de desespero dos que não conseguiram lugar.
Três quartos de hora mais tarde aterrávamos em São Vicente, e, na forma do costume, lá me confiei ao guia que, por acaso, era taxista. Rapidamente chegamos ao Mindelo, onde me recolhi no Avenida Aparthotel depois de me informar sobre o melhor sítio para almoçar e de aprazar para o dia seguinte uma expedição para conhecer a Ilha.
Apartamento pequenino mas óptimo, de uma cama só e com vista para a baía, o Monte Caras e a ilha de Santo Antão, com “mini-bar” e casa de banho dotada de “poliban” e de chuveiro. E o que mais admirei foram os reposteiros fabricados exclusivamente pela fábrica portuguesa onde presto serviço!... Roupas aligeiradas depois de refrescante chuveirada, toca de subir a Avenida Lisboa à procura do Sodade. Que ficava para além do palácio do Governador, este, aliás, a ocupar totalmente a placa central da Avenida. O Sodade ficava-lhe logo a seguir, e não há dúvida nenhuma de que fui bem servido e por preço acessível. Dei mentalmente graças ao guia Eduardo pela dica e dispus-me a explorar esta parte do Mindelo. Calcorreei a avenida, admirei montras e farmácias, vi restaurantes e tascas e cheguei ao mercado borbulhante. Tomei nota para ir jantar ao Cordel, porque o nome se me insinuou, e entrei na Igreja para me recolher alguns segundos, pois ainda não tinha visitado “O Chefe” desde que saíra de casa. Ainda não me tinha ajoelhado no banco, e logo um velhote agarrado a um pau feito bengala se me aproximou a pedir uma esmola. Dei-lhe uma nota de dez escudos e fiquei fascinado com a sua cara de felicidade. O pior foi logo a seguir, quase imediatamente, porque a Igreja foi invadida por uma catrefada de assediadores pedintes. Só me “livrei” deles saindo e deixando-lhes ficar as moedas que possuía!... Qual reza, qual recolhimento, qual carapuça!... Desci para o Hotel e dei-me ao luxo de uma sesta. Acordei já noite e, tal como tinha resolvido, fui até ao Cordel, distante trezentos ou quatrocentos metros. Pouca gente como freguesia, meti conversa intimista e fui no aconselhado. E fiz bem, porque saí bem composto. Desci novamente e resolvi dar uma vista de olhos pela baía, que já admirara do quarto do hotel. Que se encontrava cheia de nativos a arrumar barcos, a recolher pertences, a lavar armazéns e a amanhar peixe à beira-mar, ali mesmo junto à miniatura da Torre de Belém erigida em homenagem aos Bravos do Mindelo”, e ao monumento a Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Entrevi o barco de ligação a Santo Antão e apercebi-me da silhueta do Monte Caras. De um momento para o outro senti-me estranho. Olhei em redor e nem viv’alma. Todos se tinham escapulido. Dei uma espiada no relógio. Marcava vinte e vinte. A iluminação continuava acesa e, como desconhecia os hábitos da população nativa, estuguei o passo. Já nas trazeiras do hotel comecei a divisar luzes que se acendiam e música de mornas e coladeiras na sua plangente toada. Detive-me. Daí a nada uma voz se fez ouvir em ensaio. Escutei. O sono era ainda suportável, pelo que resolvi dar uma espreitadela no Bar de onde vinha a música e a voz. A medo, entrei. Dirigi-me ao balcão e pedi uma Cercal. Disseram-me que também tinham Sagres e Super-Bock, mas não quis. Perguntei como é que “aquilo” funcionava e explicaram-me num misto de Português-Crioulo que entendi perfeitamente. Não conhecia ainda a Diva, que dava pelo nome de Cesária Évora, se encontrava descalço, vestia descuidadamente e tinha voz de quem não gostava nada de álcool e tabaco, mas resolvi ficar. Pedi uns caranguejos e uma cachupa, tomei assento numa mesa pequenina que fizeram o favor de me dispensar, e dispus-me a passar alguns bons momentos. E não me arrependi. Para além de me ter saído barato, adorei aquelas dolentes cantigas que tão bem se plasmam na portuguesa saudade. E nem foi só aquela cantora, porque o Tito Paris também meteu o bedelho e nos extasiou. Saí de lá por volta das vinte e três com a alma lavada e pensamentos íntimos elevados. Dormi como um anjinho e acordei por volta das sete da matina.
Higiene íntima, chuveirada e pequeno almoço, findo o que liguei ao guia-taxista que me apareceu dez minutos depois para a tal expedição para conhecimento da ilha. Começamos pela Baía das Gatas, a praia que anualmente em Agosto anda nas bocas do mundo por causa do seu festival. Admirei a amplidão da praia e o seu deserto habitacional, e fui bebendo as informações do senhor Eduardo. Corremos outras partes da ilha, mas que se me revelaram pobres e desabitadas. E nem se viam as filas de gente armadas de todo o tipo de vasilhas para recolha de água potável. Alguns coqueirais, sisal e acácias. Fomos ao Aeroporto e chegamos à praia de São Pedro, tendo dali regressado ainda não era meio-dia. E víramos toda a ilha!...
Almoço ainda no Sodade e tarde de descanso e de exploração do Mindelo e da sua população, que dizem ser a mais parecida com a portuguesa. Observar a pesca, a luta das cascas-de-noz com as ondas, o amanho ágil do pescado em plenas rochas marinhas, o Monte Caras onde só por muita imaginação se distingue um homem deitado, e o vulto da ilha de Santo Antão a que se acedia por barco, mas que não vim a efectuar Jantar de novo no Cordel e final no tal barzinho, de onde me retirei mais ou menos à hora de ontem, visto ter combinado para amanhã uma tempinho de praia na dita de São Pedro.
E assim sucedeu. Mas foi uma desilusão de todo!... Uma baía abrigada por uma montanha nua onde pontuava apenas uma casa no seu extremo à laia de vigia avançada. Onde mais adivinhei que vi habitantes, sem qualquer infra-estrutura, ostentava apenas uma língua de areia que fazia de rebentação do mar largo, tal como a nossa belíssima Moledo. Mas o seu leito nada tinha a ver. Era de lava preta coberta de ténue camada de areia grossa e rude, que não só não nos motivava para um banho repousante, como muito menos para um chapinhar nas ondas. A sua margem estava infestada de vegetação tipo giestas e de espinhosas acácias, com o solo coberto de espinhos enormes que quase vazavam a sola dos ténis, e núvens de moscardos atrevidos que nem as chicotadas da toalha temiam!... E tinha quase duas horas para suportar “aquilo”!... Só me restou recorrer à paciência e explorar o espaço para matar o tempo, altura em que descobri alguns panos e oleados atados às acácias em jeito de tendas e com sinais de estarem habitualmente habitadas. Nem sei como passei o tempo, mas foi um alívio quando avistei a chegada do táxi do senhor Eduardo a quem não contei nem da missa a metade, tão pouco exposto a minha desilusão. Resolvi passar a tarde pelo Mindelo, porque no outro dia teria de voar para o Sal por volta das tais sete horas. No entanto, a seguir ao almoço senti-me indisposto e recolhi ao hotel, refugiando-me debaixo do chuveiro. Senti as minhas costas todas empoladas e a largar água quando friccionadas, o que me levou a pensar ter apanhado um escaldão ou uma insolação. Deitei-me atravessado na cama, e só acordei às dezanove horas e tal. Fiquei alarmado. Fui jantar e deitei-me de seguida.
Depois de uma noite reparadora e sem sonhos acordei bem disposto, arranjei-me e vesti o “fato” com que iria presumivelmente chegar a Portugal, fechei as malas, tomei o pequeno almoço e liquidei as contas, dispondo-me a esperar pelo transporte até ao aeroporto. Que, entretanto, chegou.
O avião partiu à hora marcada e cumpriu o horário de chegada ao Sal, onde destroquei o dinheiro cabo-verdiano por escudos portugueses e fiz o chek in e de onde saímos pelas dez e trinta horas locais. O almoço (se é que “aquilo” se pode chamar almoço ou, sequer, comida…) foi feito a bordo, e depois de uma boa viagem chegamos a Lisboa, onde desembarquei e esperei ligação ao Porto. Que só tive por volta das vinte horas num voo vindo da Madeira e que escalou Lisboa. E assim terminou uma viagem que me deixou gratas recordações e que, por isso mesmo, prometi repetir.
2011.02.26

domingo, 27 de fevereiro de 2011

À laia de cusquice... (17)

O ÚLTIMO VOO DO “PAULISTINHA”

Corria o ano de 1971.
Não que tivesse sido por uma qualquer campanha promocional, porque nem era usual nessa altura, mas a verdade é que “O Retiro do Caçador” se tornou conhecidíssimo entre a malta “aérea” de Pedras Rubras.
Tratava-se de uma casa de comes e bebes sobranceira à margem direita da estrada para quem chega de Braga a Terras de Bouro, logo abaixo do campo de tiro, a ponto de se ouvirem com clareza os chumbos dos cartuchos deflagrados a cair no telhado.
À entrada de Terras de Bouro e antes de se encontrar o centro nevrálgico da povoação, tinha por especialidade o cabrito. E era tão apreciado, que não havia pela Invicta cidade amantes do ar que o não quisesse provar. Eu, pessoalmente, já lá abanquei algumas vezes e levei amigos, quer antes quer depois do 25 de Abril de 1974.
Lembro-me especialmente de uma dessas vezes, no verão de 1974, em que depois de bem comidos e bebidos subimos ao campo de tiro e alguns resolveram experimentar a pontaria das pistolas nas pinhas bravas, bem antes da sessão de tiro aos pratos com caçadeira. Não sei se por efeito dos eflúvios báquicos ou se por mania de imitação, já que os nossos “heróis militares” teriam resolvido há bem pouco tempo desenferrujar as metralhadoras numa simples caça ao melro, ali pelas cercanias do aeródromo de Vila Real. E, depois, a caça à laverca também não se fazia com caçadeira!... Estou, porém, em crer que teria sido dos “calores”, quando não, não se teria brincado a atirar uns aos outros toros de pinheiro!...
Pois, escrevia eu, não havia bicho careta que frequentasse as instalações do Aeroclube do Porto que num ou noutro fim de semana lá não tenha estado a saborear o cabritinho e a passar parte da tarde.
No Aeroclube havia vários aviões ligeiros destinados à instrução para PPA (piloto particular de aeronaves). Tratava-se de “Austers” e “Piper-Cubs”, a que por gozo chamávamos “mijotas” e “ferraris”. Eram normalmente de dois ou quatro lugares, e serviam-nos na perfeição para umas gracinhas aéreas, umas sobrevoadelas à “parvónia” ou uma visitinha à prima, porque o Aeroclube também os alugava aos sócios quando da inexistência de alunos.
Ora, entre esses “teco-tecos” havia um que dava particularmente nas vistas e que caía no goto quer dos instruendos, quer dos já comandantes. Era um bilugar de origem brasileira, o “Paulistinha”. Longarina de madeira e nervuras cobertas a lona endurecida, já não lhe sei a matrícula, nem nele voei. O que recordo são muitas das inúmeras aventuras que à sua pilotagem atribuíam, e que muito contribuíram para a sua saga.
Pois aconteceu que num daqueles Sábados em que se aprazara uma cabritada em Terras de Bouro, dois dos habituais comparsas não puderam comparecer. Um, por razões de trabalho, outro por outro qualquer motivo. O certo é que ao início da tarde se encontraram no Aeroclube, no Aeroporto de Pedras Rubras, como sempre religiosamente faziam. Nessa tarde, porém, em vez de apreciar os aviões, dar duas de treta ou disputar uma cervejita ao poker de dados, um deles desafiou a companhia do outro para sobrevoar os comensais do almoço, até para dizerem presente. Da ideia à sua concretização foi um ai. Toca de requisitar o Paulistinha, preencher a caderneta de voo, apresentá-la para despacho no “movimento”, e aí vão eles, os nossos heróis, cavalgando o vento em direcção a Braga e dali a Terras de Bouro. Tudo nos conformes, abanaram repetidamente as asas em sinal de reconhecimento aos blusões agitados em terra e deram-se ao gozo do instante.
Azar dos diabos. Logo haviam de existir uns fios de alta tensão a atravessar a estrada. Os postes estavam escondidos entre a vegetação de um e de outro lado, e logo havia de ser a avioneta a rompê-los e a ficar sem controle, despencando-se de rodas para o ar sobre uma ramada que ficava logo abaixo da estrada. Os deuses não reclamaram vítimas e as escoriações dos tripulantes bem depressa foram remediadas. Os fios foram emendados e lá estão para “recordação”. O “Paulistinha”, esse fez a sua última viagem na carroçaria de uma camioneta de carga rumo ao seu desaparecimento e à lenda que o envolve.
Em memória do seu último piloto, o meu amigo Comandante José Manuel Fragoso, entretanto falecido, e sepultado no cemitério dos Arcos, em Braga.
2011.02.23

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"À laia de... cusquice... (015) Num destes dias de canícula com que este esturricante estio nos tem presenteado, mais propriamente nas vésperas do meu septuagésimo aniversário, dei por mim a ir ao Rio Ave pela zona da Peça. E fiquei por ali, porque as "obras em curso" não me permitiram ir mais além. Era poeira a mais!... Mas, é sempre assim. Neste país, feito laboratório de ideias malucas e de experiências sem nexo, dirigido e gestionado por aprendizes de feiticeiro cujo "mérito" é ser sabujo partidário, fazem-se as obras nas épocas menos aconselháveis, mas que dão nas vistas!... E lá se foram as minhas ideias de refúgio para o dia de amanhã, obrigando-me a dar que fazer ao bestunto para encontrar outra solução baratuxa para passar "os anos" relativamente sossegado e a preços mais conformes à reforma de miséria com que os nossos inefáveis governantes socialistas brindaram os trabalhadores portugueses, a quem aconselharam "férias cá dentro", mas a quem impõem morte lenta, enquanto eles próprios se esparrecam à tripa forra, como se fossem os fautores da mais risonha revolução do mundo!... Porca de vida!... Com data de amanhã, 11 de Agosto de 2010, acaba de me chagar às mãos o Entre Vilas onde, para além de informar ter sido suprimida a edição prevista para 25 de Agosto por motivo de férias, "esquece" o meu "Palavras Trocadas (29)", que tanto trabalho me deu a preparar a tempo e horas. Ora, porque o artigo em questão vai necessariamente perder actualidade por mediar cerca de um mês entre a sua elaboração e uma possível publicação, aqui vai ele transcrito, como outros se seguirão neste blogue. E ficam vossas mercês à vontade para me comentar, aplaudir, xingar ou mandar àquela parte. Espero é que o façam com uma certa dignidade, vamos lá!... “Palavras trocadas...” (29) Bem, meus caríssimos leitores, eu estava para não ligar “pevide” à minha (des)obrigação de marcar presença neste número do EV, porque a minha disposição tem sido proporcional à amenidade do clima. E este calor fulmina-nos os neurónios e aconselha-nos muita calma e muito líquido. ‘Tá bem, abelha, queixamo-nos agora do calor deste estio, mas outros países mostram-se alagados por obra e graça de “enxurradas pluviométricas”, o que será pior!... Já nem a Rússia é senhora de gelos eternos!... Parece que a natureza criadora resolveu começar a castigar os chicos espertos hominídeos que a resolveram afrontar. Pois, eu estava para ir por aí, mas lembrei-me do meu último artigo, o vinte e oito, que, embora “inteiro”, resolveu esquecer pausas e parágrafos, sabe-se lá se por defeito da Net ou se por falta de revisão redactorial. Que pareceu um aborto, lá isso!... Se calhar o Carlos Rego vai achar dele o máximo, como de saber do outro mundo classifica a falta de pontuação do falecido José Saramago, a ponto de nos querer fazer acreditar que teria sido exactamente por isso que tenha ganho o Nobel da literatura!... Como se “literatura” fosse qualquer coisa no género, ou o romance se oferecesse a todo o tipo de interpretações que não a romanceada!... Mas, palavras para quê?!... Ah, e muito a propósito, li o artigo do senhor Firmino Mendes publicado no RL, aparição que saúdo. Diz o autor que está todo “contente” lá p’rá “moirama”, e acho muito bem. A “terrinha”, porém, também precisa!... Está claro que só dá quem pode ou tem p’ra dar, porque só trabalha quem não sabe fazer outra coisa. Mas aquela de se julgar o supra sumo do conhecimento, só por aberração lhe poderia subir ao toutiço. Se calhar, foi por tal pensar e ser que o nosso “poeta” ganhou um prémio no ramo. Eu, apesar de centos de artigos de opinião publicados, ainda não vi o padeiro. Paciência, porque reconhecimentos não se pedem. No entanto, não acho delicado querer comparar dormitórios das grandes cidades a aldeias do interior. E tendo sido o articulista professor, não lhe fica muito bem ignorar que vila é uma povoação superior a aldeia e inferior a cidade. E isso dá “pica” e motiva os respectivos habitantes para mais altos voos. Em Ronfe, de facto, tal não tem acontecido, o que de certa forma confere razão ao senhor Firmino Mendes. Mas nisto de meter os mortos como justificativo de ressabiamentos próprios, não engrandece ninguém. E, meu caro professor, no seu caso particular nem devia! E sei que me vai entender se por acaso me ler, até porque nem é capaz também de me indicar um “unicozinho” ronfense que a tal de PIDE tenha interrogado, perseguido, preso ou torturado!... É bonito p’rá retórica e parece bem para almejados mas imerecidos galões, mas apenas fruto de imaginosas e irrequietas mentes, possuídas ao que parece por bichos carpinteiros. Quanto ao “nefando cónego”, também ele já falecido, tenha tento na mona! E quanto aos tais cursistas de cristandade, não deveria falar do que não conhece. É que palavra fora da boca, é como pedra fora da mão. Acaba por atingir quem não deve e não nos confere razão!... Mas, apareça e seja benvindo. Recorde a terra que lhe foi berço e que, segundo diz, ainda lhe é tão cara!... Bem, outra coisa que não me deixou “passar” desta vez, foi que prometi escrever sobre as festas de São Tiago. Há quem escreva assim, e há quem escreva tudo junto:- Santiago. Todavia, se formos ler a nossa história, encontraremos Santo Jacobo, ou seja, São Tiago. Mas, nesta época em que se escreve Allgarve (com dois eles) sabe-se lá porque cargas de água, vale tudo. É que “all” é tudo em inglês, menos o artigo árabe “al”. Pois, mas eu estava a escrever sobre as festas em honra do orago de Ronfe – Jacobo desde quando se conhece a existência do Couto, e que é nem mais nem menos que Tiago, um dos irmãos (primos… familiares…) de Cristo e irmão de João, o discípulo predilecto -. Festas que aconteceram a contento e não deslustraram das anteriores. É certo que as festas de Ronfe atingiram um elevado patamar de exigência, que as tornam difíceis de levar a cabo nestes tempos de crise que tanto afligem o Vale do Ave. Crise económica profunda, crise galopante de emprego, crise mais que envergonhada de subsistência e, até, crise de valores. As populações tendem a não abrir os cordões à bolsa, mas não poupam nas críticas. Embora “não contribuintes”, as pessoas exigem cada vez mais e melhor e não se contentam com actuações de artistas mais ou menos “mixurucas”, conquanto apresentados como “surpresa”. Numa coisa lhes concedo:- O aluguer esportulado pela instalação na Avenida António Teixeira de Melo de uma “barraca de farturas” não pagou os danos. O espaço das festas é mais que muito, e era bem escusado o empecilho daquela “roulote” em frente de casas comerciais durante tanto tempo. A noitada foi de gritos e a abarrotar de visitantes, e não colhe criticar o fogo de artifício, pese embora a falta de ritmo do seu lançamento. Para além do mais, foi estouro a mais e vistas a menos. Alguns foguetes subiram bem e outros foram mais preguiçosos, uns estourando a destempo, outros atropelando-se, e não foram poucas as bojardas que nem estouraram. Ah, e foram duas sessões de menos de dez minutos cada, separadas apenas por cinco minutos. A dominical procissão foi glamorosa, como belíssimo se mostrou o escutista tapete. As gentes de Ronfe mais uma vez saíram dignificadas, o que nos leva a gabar a respectiva Comissão. No dia 29 de Julho, numa sessão solene presidida pelo senhor Dr. Edmundo Martinho, Presidente do Instituto da Segurança Social, ladeado pelo senhor padre Lino Maia, Presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a Associação Teatro Construção viu todas as suas valências premiadas com certificação de qualidade. Depois de um pequeno filme sobre a história e o caminho do ATC até chegar a este ponto, mais ponto de partida do que de chegada do caminho percorrido, como muito bem frisou o Presidente da Instituição, senhor Dr. Custódio Oliveira, na respectiva apresentação, depois das breves intervenções dos ilustres visitantes, foi a vez da senhora Engenheira Dora Gonçalves intervir, e em nome da APCER fazer a entrega do respectivo DIPLOMA. Este Pec (Plano de Qualidade em Curso) vem confirmar o que já se sabia:- Qualidade é ser feliz. Parabéns à Associação e a todos os joanenses por tabela, embora muitos se tenham alheado da festa. Quanto à política nacional, continua a ser um feio arroto. Lembro-me de que, desde quando era mais novo e pela vida adiante, mantive uma total confiança nos transmontanos. Com eles não havia duas palavras. Uma palavra deles era uma escritura. Depois aconteceu aquela pouca vergonha de um tal Veiga, de Macedo de Cavaleiros, se deixar vender ou comprar pelo ou contra o Famalicão, e, com tantos ditos e mexericos à roda disso, a minha crença na transmontana boa fé tremeu toda. Agora, porém, com um Primeiro Ministro transmontano e outro transmontano eleito chefe do principal partido da oposição, a minha confiança pifou de vez. O Governante, porque nos trouxe até onde se vê e sacode a responsabilidade para forças estrangeiras. O político, porque em vez de nos defender continua a queimar “fogo de vistas” para nos entreter, à espera de nos dar o bote. Um, armado em engenheiro, o outro feito contabilista. Ainda haverá quem acredite que este país vá p’rá frente com estes partidos?!... E com esta justiça?... E com Governantes acima da lei?... Ná!... Só se Portugal for um daqueles candeeiros teimosos, vulgarmente chamado sempre em pé!... Meus senhores, Portugal está a arder, mas de calor. Breve, porém, descansará na paz dos cemitérios se não houver quem exija responsabilidades. É que esta choldra come tudo!... Entretanto, não liguem e continuem a gozar umas boas férias se for caso disso. Aproveitem agora, porque nem sabemos quando poderemos ter outras. Uma grande parte da população já nem estas tem!... Piu, piu!... 2010.08.06