quinta-feira, 22 de abril de 2010

por Amâncio Blog:- amanciogoncalves.blogspot.com E-Mail:- amanciogoncalves@sapo.pt Em 16 de Maio de 2006 eu dava à estampa no "Repórter Local" o texto que se segue e, pelos "ecos" entretanto surgidos, isto para não falar dos "vários/muitos pedidos", resolvi colocá-lo à consideração dos meus "blogosféricos" amigos. Quem vai "gostar" é o nosso Castor... "À laia de... cusquice... (013) “Requiem por... Ronfe…” Já sei que me vão estranhar o título, porque Ronfe ainda não morreu, e é perfeitamente prematuro fazer-lhe as exéquias. Mas foi isso exactamente que me levou a optar pelo termo:- provocar a atenção do leitor. Desde tempos imemoriais, e já se foi até à época da Condessa de Mumadona, ainda muito dentro, portanto, do primeiro milénio depois de Cristo, e quando a portugalidade ainda nem se adivinhava, e até à década de mil novecentos e oitenta/noventa, Ronfe foi terra importante. Dela se formou e tornou independente a freguesia de Vermil, dela saíram vários lugares que vieram a integrar as freguesias de Brito e Mogege, terras cuja bitola de progresso se encontra anos à frente de Ronfe em termos comparativos. E já nem chamo a terreiro a vizinha vila de Joane!... Até à citada década de oitenta/noventa, Ronfe era, quanto à vida religiosa e de educação, a primeira freguesia do distrito de Braga, e a sua igreja recebia bens e legados que ainda hoje, em parte, possui. No aspecto civil, Ronfe era, em importância, a terceira ou quarta freguesia do concelho de Guimarães, o mais trabalhador, o mais populoso e o mais jovem do distrito de Braga. E, nesta ordem de grandeza, considero como primeiras Vizela e Pevidém, cada uma delas composta por duas freguesias!... No período da segunda guerra mundial e nos tempos que se lhe seguiram, nunca faltou pão em Ronfe, embora sujeito a senhas de racionamento. E os industriais de Ronfe sempre dividiram artigos de vestuário com a população. Era a Ronfe que as freguesias vizinhas recorriam para arranjar trabalho e emprego, para conseguir bens de primeira necessidade, cuidados e assistência médica, vestuário e calçado. Para isso muito contribuiu o posto médico da previdência e a criação da Casa do Povo. Há cinquenta anos criou-se o Juventude de Ronfe, que viria a congregar os desportistas de todas estas terras. A partir da mencionada década de oitenta/noventa, por desaparecimento de figuras-chave, caso do industrial Comendador António Teixeira de Melo e de Monsenhor Horácio de Araújo, a população de Ronfe resolveu viver à sombra dos louros e, de tanto descanso, entrou em letargia e está prestes a entrar em coma. Se esquecermos Oleiros e Figueiredo, terras genuinamente agrícolas, ou já fomos ultrapassados ou estamos prestes a sê-lo pelas outras terras. A paróquia, fruto de uma má gestão ou péssima previsão, quiçá de desinteresse, deixou de contar com a maior parte dos movimentos apostólicos porque, por causa da preferência por um jardim de infância, no início provisoriamente, mas de que ainda se não prevê sediado definitivamente em edifício próprio, se lhes retirou uma sede condigna. Entre o coração e o cifrão, escolheu-se o “ganhão”. Resultado, todo o “mundo” ultrapassou Ronfe-religiosa. No que toca ao Juventude de Ronfe, foram tantos os abutres que por lá passaram, que hoje, apesar do enorme esforço financeiro, organizativo e de credibilidade que o senhor João Machado tem logrado vir a conseguir-lhe, corre o risco de fechar as portas. Quanto a mim, mal, porque talvez bastasse chamar as entidades competentes para detectar os culpados e fazer-lhes pagar a desfaçatez, a gestão danosa e a apropriação levadas a cabo. Segundo parece, o Juventude estava transformado num buraco sem fundo. Hoje transformado em poço devidamente delimitado, mas impossível de estancar. E a população de Ronfe não deseja a extinção, mas… assobia para o lado!... Valeu que o “Tonel Abreu” me ofertou um CD com o Hino do Juventude, que, prometo, guardarei religiosamente para o que der e vier, bem como a simpática dedicatória que agradeço como uma homenagem do sétimo aniversário da elevação de Ronfe a Vila. Sim, que as homenagens não se pedem, nem se agradecem. Merecem-se!... A nível civil, a “coisa” não está melhor. O posto médico mantém-se e, parece, recomenda-se. A Casa do Povo tornou-se não sei quê privado, gerida e utilizada por meia dúzia que, parece, se prestam contas entre si, à sombra de uns estatutos rudimentares, ou ultrapassados ou inexistentes, como extintas foram em devido tempo as denominadas “Casas do Povo”. Bem, é o que temos!... Os diversos executivos da Junta de Freguesia, devida e legalmente eleitos pela população, têm sido o que se vê e se reflectem no “conseguido”. Seria estultícia não reconhecer progressos a Ronfe. Não caio nessa!... No entanto, a maioria deles deve-se a iniciativas particulares, que nada têm a ver com o executivo. Agora, vem a público que se pretende encerrar a escola da Ermida, afinal a minha escola. Não que não tenha alunos. Tem muito mais de vinte e à espera de mais no próximo ano. Não que não ensine, ou ensine sem qualidade, porque os prémios conseguidos pelos alunos desmentem-no. Não por falta de espaço, ou periculosidade, ou degradação das instalações. Tem espaço que bonde, bem vedado, e as instalações têm sido devidamente intervencionadas. E chegamos à dúvida!... Será para ocupar mais intensivamente a “Quinta de Gemunde”, que é pertença da paróquia e que se tem mostrado tão apetecível?... Ah, pois, e “ocupa-se” lucrativamente um bem edifício, que, até, já é do Estado!... Bem visto!... É claro que o povo não tem qualquer razão nos protestos!... No último mandato, a Junta pouco ou nada fez, para além de “assistir a funerais” – nobless oblige… - e criticar a Câmara. Apesar disso, renova-se-lhe eleitoralmente a confiança para um novo mandato, e por maioria absoluta. Agora, para além da placa inaugurativa dos melhoramentos da sede da Junta, onde o autarca se auto-confirma para a posteridade, e a fazer fé nos jornais, só se vêm asneiras e dívidas. O parque da Casa do Povo, a Ínsua e “o” Fonte do Olival, lá estão para provar o marasmo que me choca e tenho vindo a denunciar. E, acreditem, não é para receber qualquer homenagem, nem viso eleições futuras!... Vêm agora os meus amigos porque este artigo tem mesmo o aspecto de “requiem”?... Mas, tudo bem. Cada freguesia tem a gente e o executivo que merece. 16.05.2006 - Depois disto e atentos os "desenvolvimentos" subsequentes, não venham agora chamar-me nem "bruxo" nem "inteligente". O conhecimento e o descernemento não caiem do céu aos trambolhões... Um enorme abraço para todos os amigos de boa vontade. 2010.04.22