quarta-feira, 14 de julho de 2010

Já há muito tempo que não actualizo o meu blog, facto apenas imputável ao desinteresse que a situação do país me provoca, e me desmotiva para trocar "ideias" com os meus leitores, pois continuo a "opinar" mo Entre Vilas. Uma das minhas "razões" prende-se exactamente com o episódio autêntico que vou contar. "À laia de... cusquice... (014) “A justiça que tínhamos... e (ainda) temos... " Já o primeiro mês do segundo semestre de 1987 dava o último suspiro, e sucedeu o acidente que passo a contar. Ali pela rodovia de Covas, cercanias da cidade-berço de Portugal, procedia-se a desaterros para implantação de edifícios industriais. Uma máquina própria escavava o terreno e depositava o "produto" no talude que se ia acumulando à face da Rua Eduardo de Almeida, que é o nome próprio atribuido àquela artéria. Sabe-se lá se por descuido ou pela demasia do talude, pedras havia que rolavam para o eixo da via, em relativa profusão, sendo certo que tais "trabalhos" não se encontravam devidamente sinalisados. Sem se aperceber do perigo, aproximava-se um veículo misto de passageiros. Conduzia-o um jovem de pouco mais de vinte anos, mas condutor exímio, e com ele transportava quatro amigos, entre eles a sua própria namorada de então. Quiz o acaso (...ou seria o destino?!...) que naquele instante a pá da máquina estivesse na sua missão de despejar o aterro e pedras saltavam para a via, apanhando o condutor perfeitamente de surpresa. Impossibilitado de travar a tempo ou de se desviar, o carro passou-lhes por cima - estoirou os dois pneus do lado direito - e capotou para esse lado, deslisando até se enfaixar num poste de iluminação pública. Por azar, ia uma das senhoras sentadas no denominado "lugar do morto", que praticamente esmagou a cabeça, não resistindo e falecendo pouco depois. Houve testemunhas do acidente, não sendo o próprio veículo a menos importante, e foi chamado o dono da máquina que, por sua vez, chamou a autoridade. Desde logo se puderam de parte os trabalhadores e o dono da obra, apoiados no "parecer" encomendado ao agente da aitoridade chamado a tomar conta do caso. Negaram as evidências até ao julgamento, que lograram adiar anos a fio. E, nessa hora, já sem condições de apreciar as circunstâncias, o doutor juíz sentenciou que "a culpa não foi de ninguém". A jovem senhora morreu, mas a culpa foi dela por ter nascido!... O manobrador da máquina à altura das primeiras diligências já havia morrido, abatido por um vizinho com quem mantinha divergências. O agente da autoridade já se encontrava retirado por motivos de ordem neurológica - nervos!... -, sabe-se lá se por remorsos do suborno embolsado, e baralhou-se todo na audiência do julgamento "in loco". Também já estará a dar contas no além, na altura em que dou "isto" à estampa!... As testemunhas já se haviam cansado de correr para o tribunal!... Vinte e três anos depois só a empresa faliu, e pelos vistos também morreu o seu principal sócio de então, e o juíz jubilou-se, embora ainda escrevinhe em jornal regional. Mas, a verdade é que ainda não foi reposta, nem os familiares da falecida foram indemnizados!... Meus amigos, ainda querem que eu acredite em quê?... 2010.07.14