quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"À laia de... cusquice... (015) Num destes dias de canícula com que este esturricante estio nos tem presenteado, mais propriamente nas vésperas do meu septuagésimo aniversário, dei por mim a ir ao Rio Ave pela zona da Peça. E fiquei por ali, porque as "obras em curso" não me permitiram ir mais além. Era poeira a mais!... Mas, é sempre assim. Neste país, feito laboratório de ideias malucas e de experiências sem nexo, dirigido e gestionado por aprendizes de feiticeiro cujo "mérito" é ser sabujo partidário, fazem-se as obras nas épocas menos aconselháveis, mas que dão nas vistas!... E lá se foram as minhas ideias de refúgio para o dia de amanhã, obrigando-me a dar que fazer ao bestunto para encontrar outra solução baratuxa para passar "os anos" relativamente sossegado e a preços mais conformes à reforma de miséria com que os nossos inefáveis governantes socialistas brindaram os trabalhadores portugueses, a quem aconselharam "férias cá dentro", mas a quem impõem morte lenta, enquanto eles próprios se esparrecam à tripa forra, como se fossem os fautores da mais risonha revolução do mundo!... Porca de vida!... Com data de amanhã, 11 de Agosto de 2010, acaba de me chagar às mãos o Entre Vilas onde, para além de informar ter sido suprimida a edição prevista para 25 de Agosto por motivo de férias, "esquece" o meu "Palavras Trocadas (29)", que tanto trabalho me deu a preparar a tempo e horas. Ora, porque o artigo em questão vai necessariamente perder actualidade por mediar cerca de um mês entre a sua elaboração e uma possível publicação, aqui vai ele transcrito, como outros se seguirão neste blogue. E ficam vossas mercês à vontade para me comentar, aplaudir, xingar ou mandar àquela parte. Espero é que o façam com uma certa dignidade, vamos lá!... “Palavras trocadas...” (29) Bem, meus caríssimos leitores, eu estava para não ligar “pevide” à minha (des)obrigação de marcar presença neste número do EV, porque a minha disposição tem sido proporcional à amenidade do clima. E este calor fulmina-nos os neurónios e aconselha-nos muita calma e muito líquido. ‘Tá bem, abelha, queixamo-nos agora do calor deste estio, mas outros países mostram-se alagados por obra e graça de “enxurradas pluviométricas”, o que será pior!... Já nem a Rússia é senhora de gelos eternos!... Parece que a natureza criadora resolveu começar a castigar os chicos espertos hominídeos que a resolveram afrontar. Pois, eu estava para ir por aí, mas lembrei-me do meu último artigo, o vinte e oito, que, embora “inteiro”, resolveu esquecer pausas e parágrafos, sabe-se lá se por defeito da Net ou se por falta de revisão redactorial. Que pareceu um aborto, lá isso!... Se calhar o Carlos Rego vai achar dele o máximo, como de saber do outro mundo classifica a falta de pontuação do falecido José Saramago, a ponto de nos querer fazer acreditar que teria sido exactamente por isso que tenha ganho o Nobel da literatura!... Como se “literatura” fosse qualquer coisa no género, ou o romance se oferecesse a todo o tipo de interpretações que não a romanceada!... Mas, palavras para quê?!... Ah, e muito a propósito, li o artigo do senhor Firmino Mendes publicado no RL, aparição que saúdo. Diz o autor que está todo “contente” lá p’rá “moirama”, e acho muito bem. A “terrinha”, porém, também precisa!... Está claro que só dá quem pode ou tem p’ra dar, porque só trabalha quem não sabe fazer outra coisa. Mas aquela de se julgar o supra sumo do conhecimento, só por aberração lhe poderia subir ao toutiço. Se calhar, foi por tal pensar e ser que o nosso “poeta” ganhou um prémio no ramo. Eu, apesar de centos de artigos de opinião publicados, ainda não vi o padeiro. Paciência, porque reconhecimentos não se pedem. No entanto, não acho delicado querer comparar dormitórios das grandes cidades a aldeias do interior. E tendo sido o articulista professor, não lhe fica muito bem ignorar que vila é uma povoação superior a aldeia e inferior a cidade. E isso dá “pica” e motiva os respectivos habitantes para mais altos voos. Em Ronfe, de facto, tal não tem acontecido, o que de certa forma confere razão ao senhor Firmino Mendes. Mas nisto de meter os mortos como justificativo de ressabiamentos próprios, não engrandece ninguém. E, meu caro professor, no seu caso particular nem devia! E sei que me vai entender se por acaso me ler, até porque nem é capaz também de me indicar um “unicozinho” ronfense que a tal de PIDE tenha interrogado, perseguido, preso ou torturado!... É bonito p’rá retórica e parece bem para almejados mas imerecidos galões, mas apenas fruto de imaginosas e irrequietas mentes, possuídas ao que parece por bichos carpinteiros. Quanto ao “nefando cónego”, também ele já falecido, tenha tento na mona! E quanto aos tais cursistas de cristandade, não deveria falar do que não conhece. É que palavra fora da boca, é como pedra fora da mão. Acaba por atingir quem não deve e não nos confere razão!... Mas, apareça e seja benvindo. Recorde a terra que lhe foi berço e que, segundo diz, ainda lhe é tão cara!... Bem, outra coisa que não me deixou “passar” desta vez, foi que prometi escrever sobre as festas de São Tiago. Há quem escreva assim, e há quem escreva tudo junto:- Santiago. Todavia, se formos ler a nossa história, encontraremos Santo Jacobo, ou seja, São Tiago. Mas, nesta época em que se escreve Allgarve (com dois eles) sabe-se lá porque cargas de água, vale tudo. É que “all” é tudo em inglês, menos o artigo árabe “al”. Pois, mas eu estava a escrever sobre as festas em honra do orago de Ronfe – Jacobo desde quando se conhece a existência do Couto, e que é nem mais nem menos que Tiago, um dos irmãos (primos… familiares…) de Cristo e irmão de João, o discípulo predilecto -. Festas que aconteceram a contento e não deslustraram das anteriores. É certo que as festas de Ronfe atingiram um elevado patamar de exigência, que as tornam difíceis de levar a cabo nestes tempos de crise que tanto afligem o Vale do Ave. Crise económica profunda, crise galopante de emprego, crise mais que envergonhada de subsistência e, até, crise de valores. As populações tendem a não abrir os cordões à bolsa, mas não poupam nas críticas. Embora “não contribuintes”, as pessoas exigem cada vez mais e melhor e não se contentam com actuações de artistas mais ou menos “mixurucas”, conquanto apresentados como “surpresa”. Numa coisa lhes concedo:- O aluguer esportulado pela instalação na Avenida António Teixeira de Melo de uma “barraca de farturas” não pagou os danos. O espaço das festas é mais que muito, e era bem escusado o empecilho daquela “roulote” em frente de casas comerciais durante tanto tempo. A noitada foi de gritos e a abarrotar de visitantes, e não colhe criticar o fogo de artifício, pese embora a falta de ritmo do seu lançamento. Para além do mais, foi estouro a mais e vistas a menos. Alguns foguetes subiram bem e outros foram mais preguiçosos, uns estourando a destempo, outros atropelando-se, e não foram poucas as bojardas que nem estouraram. Ah, e foram duas sessões de menos de dez minutos cada, separadas apenas por cinco minutos. A dominical procissão foi glamorosa, como belíssimo se mostrou o escutista tapete. As gentes de Ronfe mais uma vez saíram dignificadas, o que nos leva a gabar a respectiva Comissão. No dia 29 de Julho, numa sessão solene presidida pelo senhor Dr. Edmundo Martinho, Presidente do Instituto da Segurança Social, ladeado pelo senhor padre Lino Maia, Presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, a Associação Teatro Construção viu todas as suas valências premiadas com certificação de qualidade. Depois de um pequeno filme sobre a história e o caminho do ATC até chegar a este ponto, mais ponto de partida do que de chegada do caminho percorrido, como muito bem frisou o Presidente da Instituição, senhor Dr. Custódio Oliveira, na respectiva apresentação, depois das breves intervenções dos ilustres visitantes, foi a vez da senhora Engenheira Dora Gonçalves intervir, e em nome da APCER fazer a entrega do respectivo DIPLOMA. Este Pec (Plano de Qualidade em Curso) vem confirmar o que já se sabia:- Qualidade é ser feliz. Parabéns à Associação e a todos os joanenses por tabela, embora muitos se tenham alheado da festa. Quanto à política nacional, continua a ser um feio arroto. Lembro-me de que, desde quando era mais novo e pela vida adiante, mantive uma total confiança nos transmontanos. Com eles não havia duas palavras. Uma palavra deles era uma escritura. Depois aconteceu aquela pouca vergonha de um tal Veiga, de Macedo de Cavaleiros, se deixar vender ou comprar pelo ou contra o Famalicão, e, com tantos ditos e mexericos à roda disso, a minha crença na transmontana boa fé tremeu toda. Agora, porém, com um Primeiro Ministro transmontano e outro transmontano eleito chefe do principal partido da oposição, a minha confiança pifou de vez. O Governante, porque nos trouxe até onde se vê e sacode a responsabilidade para forças estrangeiras. O político, porque em vez de nos defender continua a queimar “fogo de vistas” para nos entreter, à espera de nos dar o bote. Um, armado em engenheiro, o outro feito contabilista. Ainda haverá quem acredite que este país vá p’rá frente com estes partidos?!... E com esta justiça?... E com Governantes acima da lei?... Ná!... Só se Portugal for um daqueles candeeiros teimosos, vulgarmente chamado sempre em pé!... Meus senhores, Portugal está a arder, mas de calor. Breve, porém, descansará na paz dos cemitérios se não houver quem exija responsabilidades. É que esta choldra come tudo!... Entretanto, não liguem e continuem a gozar umas boas férias se for caso disso. Aproveitem agora, porque nem sabemos quando poderemos ter outras. Uma grande parte da população já nem estas tem!... Piu, piu!... 2010.08.06