terça-feira, 15 de março de 2011

À laia de... cusquice... (018)

Notas (in)convenientes… (001)

Domingo, treze de Março de dois mil e onze. Dia atípico, como variável vai o tempo, apesar de estarmos a escassos sete dias do início da Primavera (que, agora, depois de um aborto a que se chamou acordo ortográfico, nem sei se se escreve assim, ou se primavera, ou se prima Vera!.... Ih, ih, ih, cabecinhas “pinsadoras”!... Em vez de, como “colonizadores”, mantermos a pureza do nosso idioma, submetemo-nos à “algaravia” dos colonizados. No interesse de uma tal de globalização?... Uma ova!... Só contaram p’ra vosmecês!... O Inglês mantém-se, não se “americanizou” apesar de os Estados Unidos da América serem, presentemente, muito maiores e mais importantes que os tais “colonizadores!... Claro que a língua não deve ser estática, mas dinâmica. Mas isso é outra música!...).
Tinha almoçado bem no meu amigo Dom José, de Santa Luzia-Requião, pusera já as “leituras” em dia e resolvera as palavras cruzadas e os sodukus dos “diários” no Café Estrela, de Joane. O andor dos Santos Passos já chegara em passo apressado e meio a reboque de Celorico à Igreja paroquial, perante a presença de muitos mirones, e o povinho já dispersara indiferente a um suposto alindamento do Largo 3 de Julho, ex-Largo da Feira e cada vez mais Largo do Sapateiro. “Aquilo”, benza-o Deus, não tem ponta de nobreza ou de inovação. Será que ainda vai ter?!... E vi-me à nora para descobrir onde passar o resto da tarde.
Pensei em primeiro lugar em Ronfe, porque estaria “em casa” e poupava na “gasosa”, e porque o Desportivo de Ronfe (herdeiro do levianamente silenciado Juventude de Ronfe…) até jogava em casa contra o Pevidém. Porém, ao reflectir quão difícil está a ser alcançar o “meu” outrora idílico Rio Ave, e pesando as dificuldades de chegar às suas margens, que se continuam a mostrar mal cheirosas e descaracterizadas por culpa de autarcas de menoridade mental, que não só não criam, como contribuem para o descalabro do “criado”, desisti da “coisa”.
No meio destas indecisões resolvi subir ao monte de São Miguel-O-Anjo que escora a freguesia de Vermil e a separa de Oleiros, e de cujo sopé se derrama a dita Vila de Ronfe.
O monte ganhou uma certa má fama, mas pus isso p’ra trás das costas porque as “vistas” que do seu topo se podem admirar fazem esquecer tais defeitos. Nas duas horitas que lá estive apenas saiu um carro, que já lá estava, e chegou outro, que lá ficou quando saí. No intervalo destes dois movimentos deu para passear por lá, pelo espaço público, sem pinheiros ou outras árvores nobres. Apenas “Austrálias” (muitas), “Mimosas” e “Eucaliptos”, estes em número avassalador. A capela, que só vi pelo exterior porque hermeticamente aferrolhada, mostra-se bem conservada, e o espaço destinado aos pic-nics muito bem fornido de mesas e “bancarias”, mas com poucas árvores de sombra. Um pouco além da capela do arcanjo, uma construção “piquena”, fechada, ostentando uma marmórea placa a dizer-nos que se trata de banheiros e que foram inaugurados pelo senhor doutor António de Magalhães, digno Presidente da edilidade concelhia. Para alguma coisa deve servir o ser-se presidente-do-que-quer-que-seja. Até defendo que em Ronfe, como já escrevi há um par de anos, o “calçadão” que venha a nascer nas margens do rio Ave, e se nascer, recupere o ilustre nome do autarca em questão, embora, pelo andar da carruagem, o povo já o tenha baptizado (com “p” e tudo…) como o “Calçadão da Merda”, tal o fedor que exala e que “tocou” a Ronfe – p’rá-í a décima terra de peito do citado edil e da respectiva “patroa”, ela sim, ronfense porque de Ronfe natural e filha de outros ronfenses.
Pois estive lá em “riba” e estranhei várias coisas, para uma gente laboriosa e amiga como é a vermilense (… os piratas, como carinhosamente os “galegos” de Ronfe antigamente lhes chamavam…) e a quem antecipadamente me atrevo a pedir o beneplácito por ousar falar da sua terra, Vermil, embora eu resida no seu limite e tendo descendentes nela moradores, para além de incontáveis amigos.
Desde logo, há que afirmá-lo com clareza, o que é bom é p’ra se ver. Com muito mais razão, neste caso, que para além de belo é histórico. Vedaram o que eu chamo de “espaço celta” como propriedade privada dos escuteiros. Há razões para isso, reconheço, desde logo pelo receio das acções de certos analfabetos estúpidos, capazes de destruir placas de identificação (e que os há, basta ver as pedras/placas partidas ou com letras apagadas!...), e de fazerem o mal apenas porque sim, assumindo como gabarolice o desleixo a que os políticos nos trouxeram. Não podem ver o que está quiedo, é o que é!... Mas há que encontrar uma forma de deixar visitar/estudar “aquilo”, até porque sabemos do gosto dos povos antigos pelos cumes dos montes.
Depois, temos o insuficiente aproveitamento do espaço pelas gentes de Vermil, pese embora a largueza, a amplitude de vistas e a pureza dos ares que lá se respiram, e que fazem inveja a tantos vizinhos. E, nisso, tenho que louvar os vermilenses. “C’ais” Casas do Povo, “c’ais” caraças”!... Vermil está a construir o seu próprio espaço. Não demora nada e lá estarão as “roullotes” de comes e bebes e de distracção sem ser em dias de festa, e lá terão os “malandros” de mudar de poisio. E as autoridades civis terão de regulamentar esse acontecimento, porque aquilo não pode continuar a ser o “da Joana”.
Aliás, Vermil teve e tem um pequeno mas óptimo recinto desportivo que movimentou uma data enorme de praticantes. Eu próprio tive lá as equipas de “Os-Fraca-Figura” e da “Safil”, e sei que contribuí “bué” para o incremento do “futebol de salão” naquela estrutura. Mas, perdão, não me estou a fazer ao bife. Apenas me sinto triste pela degradação a que aquelas instalações chegaram. Porque Vermil não tem mais nada nesse ramo, mas gaba-se de ser intimista. Tem uma missa rápida (Rvmº. Sr. Padre Castro) que arrasta muita gente, tem o monte de São Miguel-O-Anjo, a Serralharia Vidal, a Covilhã, os Mesquitas, os Salazares, os Vidais, os Barbosas, os “Abanas”, os “Bolas”, os “Manos” e os “Parranos”, o ex-escorropicha, o ex-Jogo, Aldeias, a Carreira Nova, a Fonte de Amorim… e é tudo.
E, todavia, foi posta no mapa porque teve à sua frente na autarquia um dinossauro desta fandanguisse abrilesca, o Senhor Josias Carvalho, e na Igreja pontificou o saudoso padre Flávio Nogueira.
E é tudo, meus amigos, nesta minha primeira nota (in)conveniente.
Chau-Chau (para diferenciar do nipónico ou chinês arroz xau-xau), beijinhos e “inté”. E se me quiserem ler noutro registo, vão a “amanciogoncalves.blogspot.com”.
2011.03.14

1 comentário:

  1. Bom dia!
    já dei umas boas gargalhadas com isto tudo.

    “C’ais” Casas do Povo, “c’ais” caraças”!...

    Concluo eu... É que para fazer o que fez em Ronfe com a casa do povo, é mesmo melhor fazê-lo ao ar livre, sempre o cheiro se esvai mais rapidamente.

    Um abraço caro Amancio.

    adorei aquela listagenm dos nomes e apelidos da
    simpática terra de Vermil.

    "os Mesquitas, os Salazares, os Vidais, os Barbosas, os “Abanas”, os “Bolas”, os “Manos” e os “Parranos”, o ex-escorropicha "







    Aliás, Vermil teve e tem um pequeno mas óptimo recinto desportivo que movimentou uma data enorme de praticantes. Eu próprio tive lá as equipas de “Os-Fraca-Figura” e da “Safil”, e sei que contribuí “bué” para o incremento do “futebol de salão” naquela estrutura. Mas, perdão, não me estou a fazer ao bife. Apenas me sinto triste pela degradação a que aquelas instalações chegaram. Porque Vermil não tem mais nada nesse ramo, mas gaba-se de ser intimista. Tem uma missa rápida (Rvmº. Sr. Padre Castro) que arrasta muita gente, tem o monte de São Miguel-O-Anjo, a Serralharia Vidal, a Covilhã, os Mesquitas, os Salazares, os Vidais, os Barbosas, os “Abanas”, os “Bolas”, os “Manos” e os “Parranos”, o ex-escorropicha, o ex-Jogo, Aldeias, a Carreira Nova, a Fonte de Amorim… e é tudo.

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